segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

CARNAVAL -TEXTO ELABORADO PELA PSICÓLOGA ANA CÉLIA M.L.NOVAIS - CECCO VM/VG-TROTE

CARNAVAL

Quando se fala em Carnaval, nós que já passamos dos 40 , nos remetemos há um tempo de pura alegria, brincadeiras marotas como jogar água nas janelas dos ônibus com as seringas de lança-perfume. O povo já acostumado com a criançada não se deixava surpreender pelas peraltices, e antes que o ônibus virasse a esquina ouvia-se um cheq-cheq de janelas se fechando, mesmo a custa de um calor de mais de 30°, para se livrar do grupo de crianças, cuja diversão carnavalesca era atirar água nos passageiros.
Bons tempos aqueles!
Hoje o Carnaval evoluiu no olhar de alguns e retrocedeu no olhar de outros.
São Paulo que recebeu a alcunha de " Túmulo do Samba" hoje divide o horário nobre da telinha com o Rio de Janeiro na transmissão de seus carnavais.
O carnaval de antigamente possuia os bailes dos Clubes, os tradicionais bailes familiares onde os meninos fantasiavam-se de pierrôs, piratas e as meninas de colombina, jardineiras...
Hoje tudo é diferente.
Alguns aproveitam o feriadão de Carnaval para viajar, descansar .. são os que não se consideram súditos do Rei Momo.
Outros ainda aderem ao samba que está industrializado pela famosa indústria do Carnaval. Paga-se uma grana preta pelos abadás, isto é, pelo direito de pertencer a um daqueles blocos famosos baianos e dançar atrás do trio elétrico, porque atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu.
E o samba além de industrializado, também ficou eletrizado, e com isso perdeu-se um pouco da beleza do samba de raiz , das rodas de samba.
Já dizia o poeta:-
Tá legal.
Eu aceito o argumento.
Mas não me alterem o samba tanto assim.
Acho que a rapaziada está sentindo a falta.
De um cavaco, de um pandeiro e de um tamborim.
Mas nós do CECCO vamos fazendo a nossa parte, na tentativa de não deixar o Carnaval tradicional acabar. Buscamos inspiração nas figuras tradicionais que povoaram os carnavais de outrora, tais como pierrôs, Rei Momo, as máscaras de lantejoulas, gliter e paetês na preparação do nosso Carnacecco.
Para animação contamos com a força, a graça da Velha Guarda da Escola de Samba Unidos do Peruche, sempre presente nos nossos 3 anos de carnaval do Cecco.
São Pedro nos pregou um grande susto na véspera do nosso Pré-Carnavalesco e a música de Carnaval mais lembrada era
As águas vão rolar.
A água lava, lava, lava, lava tudo...
A água só não lava a língua dessa gente.
Apesar do número de foliões não atingir a meta esperada, tivemos momentos belíssimos, como a alegria de pessoas que vivem permanentemente num estado de inocência, alheios às vicissitudes da realidade.
Eu pessoalmente pude assistir o reencontro de 2 amigas, uma Cleópatra versão 2011 e a outra Joana, que parecia Joana D'Arc, guerreira e vencedora, que voltou para o nosso convívio trazendo a alegria do dever cumprido e uma dose de energia que nos anima.
Mas como disse um outro poeta.
Não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar, o morro foi feito de samba e o samba prá gente sambar.

Ana Célia M. Landulfo Novais
São Paulo, 25/02/2011.

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