terça-feira, 31 de julho de 2012

Lançado livro sobre inclusão dos cidadãos nas políticas de sáude

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e o Conselho Nacional de Saúde (CNS) lançaram o livro Inclusão dos cidadãos nas políticas de saúde: experiências brasileiras e europeias, coordenado pelo médico sanitarista da Universidade de Brasília Flávio Goulart. Dirigida aos conselheiros de saúde e gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) de todo o Brasil, além do público interessado dentro e fora do país, a publicação resulta do Laboratório de Inovação e teve como tema a inclusão de cidadãos na implementação de políticas públicas de saúde, realizada ao longo do ano de 2011 nas redes de atenção à saúde.

O objetivo foi evidenciar as práticas inovadoras concretas de participação no SUS e também em outras áreas da gestão pública, no Brasil e em países da Europa, de forma a contemplar os desafios da inclusão da população nas decisões relativas às políticas sociais e de saúde. Foram selecionadas 15 experiências brasileiras e cinco internacionais sobre participação social na implementação de políticas públicas de saúde e em outros setores da gestão pública. Já o foco nos países europeus, particularmente na Itália, se deve às variadas técnicas inclusivas que vêm sendo desenvolvidas lá já há algumas décadas.

A publicação deriva do Termo de Cooperação Número 23 entre a Opas e o CNS, cujo objetivo principal é o fortalecimento do SUS e de seus componentes de participação e controle social, nos termos da Constituição Federal e da legislação orgânica da saúde.

Acesse aqui a publicação.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Lixo extraordinário – Documentário mistura arte e denúncias no maior aterro sanitário do mundo

 Você já assistiu ao filme Lixo Extraordinário? Se não, assista. O documentpario concorreu ao Oscar em 2011 e mostra um projeto do artista plástico Vik Muniz no maior aterro sanitário do mundo, Gramacho, no Rio de Janeiro. O filme conta como foi a experiência do artista Vik Muniz ao fazer arte com lixo e transformar a vida de um grupo de catadores.
O filme mostra a vida difícil de pessoas que vivem literalmente no lixo e que dependem dele para a sobrevivência. O artista, que nasceu na classe média baixa paulistana e hoje é um dos maiores expoentes das artes visuais no mundo, trabalha com colagens e montagens de materiais diversos para formar retratos.
 Na proposta Lixo Extraordinário (em inglês Wastalend), Vik Muniz resolveu chamar a atenção simultaneamente para o problemas ambiental do lixo e social das condições de trabalho dos catadores de Gramacho. Como forma de dar voz e visibilidade aos trabalhadores do lixo, retratou-os como personagens com montagens gigantes feitas de resíduos do próprio aterro. Os resultados são incríveis!

Recentemente eu assisti ao filme, que em mim causou um misto de indignação, vergonha, tristeza e admiração. São sentimentos aparentemente contraditórios, mas você vai entender.
 Veja mais no site http://www.lixoextraordinario.net/
Aqui o trailler

A admiração vem da força que têm as pessoas que são forçadas a viver entre o lixo para sobreviver. Forçadas, isso mesmo. Por falta de condições centenas de pessoas são forçadas a viver no lixo para retirar dele alguma renda. Ninguém em sã consciência escolhe uma vida daquelas. São homens e mulheres que têm forjado no seu íntimo um instinto de sobrevivência muito forte e digno de admiração. Todos os dias aquelas pessoas enfrentam dificuldades para manter a sua dignidade. Repare nos depoimentos que as pessoas preferem aquela vida a se entregar ao tráfico de drogas, ao crime e à prostituição.

A tristeza é um sentimento que aperta o peito de qualquer pessoa normal e com o mínimo de consciencia e dignidade. É muito triste ver homens e mulheres de bem revolvendo lixo, se alimentando em meio ao lixo, ao mau cheiro e a urubus. Isso é muito triste, afinal são seres humanos, com direito a dignidade, a moradia, a trabalho, a saúde como preza nossa contituição.

No filme um dos catadores faz uma brincadeira que reflete muito bem o que estou dizendo e que expõe uma realidade triste e cruel. Quando ele vê a equipe de filmagem ele grita: “Filma nois aqui para o mundo animal”. A desigualdade social é uma das piores formas de degradação moral, social e humana.

O lixo é sim uma fonte de renda para muitas famílias mas o Estado pode e deve dar condições para essas pessoas trabalharem com dignidade, e em segurança. Onde estão as políticas públicas de coleta seletiva onde o material reciclado já é separado e destinado às cooperativas de catadores? Onde estão os galpões de separação com esteiras e máquinas onde os catadores tem condições de separar o material reciclado? Enfim, são muitas as formas de aumentar a vida útil de um aterro, mas fazer isso sugando a vida de pessoas é uma vergonha para nós Brasileiros.

Assista o filme completo no Youtube.




sábado, 28 de julho de 2012

Técnicas de meditação diminuem níveis de solidão, diz estudo

Mais um motivo para participarem das tecnicas de meditação do Cecco trote Vila Maria Vila Guilherme as segundas e sextas feiras, conforme programação AQUI. Vejam materia abaixo :

O estudo também descobriu que a meditação tem o poder de diminuir inflamações, que contribuem para o desenvolvimento de várias doenças
Foto: Getty Images

Adultos que sofrem de solidão têm mais chances de desenvolver problemas de saúde, como doenças do coração e mal de Alzheimer, podendo chegar até à morte prematura. Para reverter a situação, algumas soluções já foram colocadas em prática, como a criação de centros comunitários, que tinham como objetivo incentivar a sociabilidade. No entanto, essa medida não trouxe grandes resultados e, com isso, pesquisadores voltaram a estudar o assunto. Recentemente, porém, estudiosos de Carnegie Mellon University descobriram que técnicas de meditação podem ajudar a reduzir o sentimento de solidão, ao mesmo tempo em que ajudam a manter a saúde em dia. As informações são do Mail Online.
"Nós sempre falamos para as pessoas pararem de fumar por questões de saúde, mas raramente pensamos na solidão da mesma forma. Mas deveríamos, pois é sabido ela também é um grande fator de risco para problemas de saúde. Esse estudo sugere que a meditação pode ajudar a melhorar a saúde dos mais velhos", disse J. David Creswell, líder da pesquisa. O estudo também descobriu que a meditação tem o poder de diminuir inflamações, que contribuem para o desenvolvimento de várias doenças.
Para a pesquisa, foram recrutados 40 adultos saudáveis, com idade entre 55 e 58 anos, que tinham interesse em aprender técnicas de meditação. Para analisar cada indivíduo, até mesmo coletas de sangue foram feitas. Os participantes do estudo foram submetidos ao treino Mindfulness-Based Stress Reduction, que teve duração de 8 semanas e encontros semanais de 2 horas. Durante o treinamento, os participantes aprenderam técnicas de consciência corporal, como prestar atenção às sensações e aprender a respirar adequadamente. Além disso, eles também deveriam praticar a meditação em casa por 30 minutos, todos os dias.
Depois das 8 semanas de treinamento, foi descoberto que a meditação diminuiu o sentimento de solidão dos participantes. As amostras de sangue também reveleram resultados positivos: o treino reduziu os níveis de um gene causador de inflamações. "A redução dos genes que causam inflamações é importante porque diminui também a probabilidade de outros problemas, incluindo câncer e doenças
neurodegenerativas", explicou Steven Cole, pesquisador da UCLA e co-autor do estudo.
Fonte: Terra

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Programação Cultural da Feira dos Pais na Paulista, dia 04 de Agosto

Apresentações Culturais – VIII Feira de Saúde Mental e ECOSOL
Dia 04 de Agosto (sábado) – Pq Mario Covas – Av. Paulista
Venha se divertir conosco!! Traga sua família e amigas (os) para participar de nossa Economia Criativa, Inclusiva e Solidária!!

Nós do Cecco Trote estaremos presentes apresentando as artes de Cestaria, da Oficina GERação de Renda e Artesanatos.
Apresentações:
10h30 – Grupo Mosaico, do CECCO Bacuri
Discotecagem
12h – Maycon Pop
Discotecagem
13h00 – Retalhos de Cetim – Campinas
14h – Edson Luis da Silva ( Rapper ED )
Discotecagem
16h – Fabrisio Fernando Chiarinelli Ferreira – Maicon Cover
Discotecagem
Caricaturas durante a Feira:
Renê Paulauskas

CBN promovedia 28/07 debate sobre saúde no SESC Santana


No sábado, 28 de julho, às 10h, o CBN São Paulo promove o terceiro debate da série ‘Seu bairro, nossa cidade’, que aborda as demandas da população paulistana no período pré-eleitoral. Apresentado por Fabíola Cidral no Sesc Santana, o evento discute o sistema de saúde na capital.
Participam do debate: a canadense Monique Bourget, médica diretora do Hospital Santa Marcelina;Roberto Kikawa, médico idealizador do projeto Carreta da Saúde; Mário Bracco, médico pesquisador do Hospital Albert Einstein e do Hospital Municipal do M'Boi Mirim e coordenador do grupo de trabalho de saúde da Rede Nossa São Paulo; e Frederico Soares Lima, ex-presidente do Conselho Municipal de Saúde.
O encontro também tem a participação do projeto “Música nos hospitais”, dirigido pelo médico e maestro Samir Rahme na Orquestra do Limiar.
A entrada será a partir das 9h30.
‘Seu bairro, nossa cidade’ é uma série que faz parte da cobertura das eleições 2012 da rádio CBN e também abarca a visita aos 96 distritos da cidade de São Paulo, para apontar os problemas e necessidades de cada um. Os próximos encontros acontecem nas unidades do Sesc Bom Retiro e Pompeia.
site:www.cbn.com.br
Serviço:
Data: 28/07
Horário: 10h às 12h
Local: Sesc Santana
Avenida Luiz Dumont Villares, 579 

quinta-feira, 26 de julho de 2012

cursos on-line gratuitos sobe Saúde do Homem, Saúde do Idoso, Saúde Bucal, Saúde da Criança e Saúde da Família.

Confira os cursos on-line gratuitos disponíveis no Telesaúde




Em parceria com o Ministério da Saúde, o Laboratório de Telessaúde do Centro Biomédico e o Núcleo de Telessaúde do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, apresentam os cursos on-line.

Os cursos são gratuitos, especialmente desenvolvidos para a plataforma on-line de ensino. As áreas abrangidas são: Saúde do Homem, Saúde do Idoso, Saúde Bucal, Saúde da Criança e Saúde da Família. Confira:
Saiba mais:
cursos@telessaude.uerj.br
www.telessauderj.uerj.br/ava

Autor: SIS.Saúde
Fonte: UERJ

Onde encontrar cursos gratuitos sobre pequenos negócios

Se você pretende montar um negócio ou aperfeiçoar seus conhecimentos vale a pena dar uma olhadinha nos cursos gratuitos disponível nas instituições abaixo.

Cursos Fundação Getulio Vargas - FGV
  • - Como organizar o orçamento familiar
  •  - Como Fazer Investimentos – Básico
  • - Como Planejar a Aposentadoria
  • - Cursos Introdução ao Private Equity
  •  - Cursos Introdução ao  Venture Capital
  •  - Introdução à Administração Estratégica
  •  - Produto, Marca e Serviços
  •  - Fundamentos da Gestão da TI
  •  - Gerenciamento do Escopo de Projetos
  •  - Qualidade em Serviços
  •  - Ciência e Tecnologia
  •  - Diversidade na Organização
  •  - Ética Empresarial
  •  - Recursos Humanos
  •  - Balanced Scorecard
  •  - Intermediação em Investimentos Financeiros
  •  - Contratação de Trabalhadores
  •  - Fundamentos da Gestão de Custos
  •  - Motivação nas Organizações
Cursos Fundação Nacional da Qualidade – FNQ
- Primeiros Passos para a Excelência da Gestão
  - Sensibilização para a Excelência da Gestão
  - O Modelo de Excelência da Gestão
Cursos SEBRAE
- AC - Atendimento ao Cliente
  - AE – Aprender a Empreender
  - APF – Análise e Planejamento Financeiro
- BPSA – Boas práticas nos serviços de alimentação
  - CG - Compras Governamentais
  - CVME - Condições de venda para o mercado externo
  - CVMM – Como Vender Mais e Melhor
  - D-Olho na Qualidade: 5Ss para os pequenos negócios
  - EI – Empreendedor Individual
  - FPV - Formação do Preço de Venda
  - GCC - Gestão de Cooperativas de Crédito
  - GEI - Gestão Empresarial Integrada
  - GI - Gestão da Inovação: Inovar para Competir
  - GQVE - Gestão da Qualidade: Visão Estratégica
  - IPGN - Iniciando um Pequeno e Grande Negócio
  - IPN - Internet para Pequenos Negócios
  - MEG - Primeiros Passos para a Excelência
  - PLAEX - Planejamento para Exportar
  - PROEX - Procedimentos para Exportação
  - Programa Varejo Fácil – Atendimento ao Cliente
  - Programa Varejo Fácil – Controles Financeiros
  - Programa Varejo Fácil – Formação do Preço de Venda
  - Programa Varejo Fácil – Gestão de Pessoas
  - Programa Varejo Fácil – Gestão do Visual de Loja
  - Programa Varejo Fácil – Técnicas de Venda
  - Sei Comprar
  - Sei Controlar meu Dinheiro
  - Sei Empreender
 - Sei Planejar
  - Sei Unir Forças para Melhorar
- Sei Vender
Cursos Fundação Bradesco
  - Administração e Planejamento de Finanças Pessoais    
  - Análise de Balanços   
  - Contabilidade Empresarial    
  - Matemática Financeira          
- Estratégia de Negócios
  - Fundamentos de COBIT        
  - Fundamentos de Governança de TI              
 - Gestão de Estratégia - BSC 
  - Gestão de Processos - BPM
  - Como trabalhar com projetos?         
  - Como iniciar o trabalho com projetos?        
  - Como planejar o escopo, prazo e orçamento do projeto?           
  - Como Planejar os demais aspectos do projeto?   
  - Como Executar, Monitorar, Controlar e Encerrar Projetos?         
- Gestão Estratégica de TI - ITIL          
  - Comunicação Escrita
  - Criança+Segura na Internet   
  - Currículo sem Segredo         
 - De Acordo com o Novo Acordo        
  - Dinâmicas e Testes na Seleção       
  - Economia de Energia 
  - Entrevista: Como encará-la!  
  - Introdução ao e-Learning       
  - Postura e Imagem Profissional         
  - TI na Educação
Acesse: http://www.ev.org.br/Cursos/Paginas/Online.aspx

quarta-feira, 18 de julho de 2012

SARAU SANTANA/TUCURUVI

SARAU SANTANA/TUCURUVI

A quem gosta de ver, ouvir, exibir

Canto Coral

Canto Instrumental ou à Capela

Contação de Causos

Contação de História

Contação de Piadas de Salão

Dança

Performance Teatral

Recitação de Poemas

Não perca.

Já abrilhantaram o Evento, o escritor Eugênio Asano; as escritoras Maria de Lourdes, Noemi de Carvalho Moura e Renata Burgos; o ator Celso Barbosa; as declamadoras Lucila, Vera Cíntia e Lea; os Corais Vocal Pérola, Primavera; o gaitista Agnelo; o Conjunto de Frautas Luz do Sol; o compositor-cantor Ismael. O que você está esperando para nos contatar?

Avenida Tucuruvi, 808 – Tucuruvi, às 14 horas de

26 de julho

30 de agosto

27 de setembro

?! de outubro

29 de novembro

segunda-feira, 16 de julho de 2012

HC- seleção de voluntários para participar da pesquisa sobre Fobia Social

HC testa realidade virtual para fobia social

Programa que usa tecnologia 3D foi criado por pesquisadora da Psiquiatria

12 de julho de 2012 - Estadão. com.br/Saúde - por Mariana Lenharo
 Quem tem os principais sinais de fobia social, com idade entre 18 a 65 anos e não apresenta outros transtornos psiquiátricos pode se inscrever para a seleção de voluntários para participar da pesquisa pelo e-mail fobiasocialrv@gmail.com
A pesquisadora Cristiane Maluhy Gerbara utiliza equipamento para tratar fobia social - Marcio Fernandes/AE
Marcio Fernandes/AE
A pesquisadora Cristiane Maluhy Gerbara utiliza equipamento para tratar fobia social
O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP (IPq-HC) começou a testar este mês um tratamento inédito contra fobia social que usa como ferramenta terapêutica a realidade virtual.
Com um programa de computador que traz imagens em três dimensões, os pacientes se submetem virtualmente às situações sociais que mais lhes trazem desconforto: interagem com desconhecidos, participam de reuniões e até discursam diante de uma plateia dispersa.
A criadora do programa é a psicóloga Cristiane Maluhy Gebara, pesquisadora do IPq, que agora busca validar a eficácia da técnica em um grupo de pacientes. "Estamos aplicando em algumas pessoas para aperfeiçoar esse programa e verificar se ele realmente consegue diminuir a ansiedade das pessoas", diz. O desenvolvimento operacional do software ficou a cargo de uma empresa especializada, que concluiu o programa sob as orientações de Cristiane.
Ela explica que o trabalho tem como base uma das ferramentas da terapia cognitivo comportamental (TCC): a técnica de exposição. A princípio, ela pode ser feita ao vivo, quando o paciente se expõe a situações reais que lhe provocam desconforto, ou na imaginação, quando o paciente, sob a orientação do terapeuta, imagina determinada cena e tenta controlar suas reações.
A ferramenta virtual permite que essa exposição se dê com um grau maior de realismo, mas no ambiente do consultório, ao lado do terapeuta. "A gente coloca a pessoa, passo a passo, na situação que ela mais teme, gradualmente: da que menos sente desconforto, para a que mais provoca ansiedade. Depois que o paciente finaliza, percebe que a ansiedade declina conforme progride essa exposição", diz Cristiane. O programa todo consiste em 12 sessões de 50 minutos.
Além de orientar o paciente, o terapeuta também controla, por meio do computador, as respostas dos personagens virtuais, que interagem com o fóbico. Cristiane alerta que, por esse motivo, essa é uma técnica para ser aplicada em consultório e não em casa, com o paciente sozinho. Segundo a pesquisadora, mesmo se tratando de uma interação fictícia, ela provoca no paciente reações semelhantes às que ocorreriam na vida real. “O programa permite uma imersão naquele mundo.”
As situações de interação social previstas no programa vão desde uma simples caminhada pela rua em que o paciente se submete aos olhares insistentes dos outros transeuntes, passando por um pedido de informação para um desconhecido, até a chegada a uma festa cheia de gente. Tratam-se de ocasiões comumente temidas pelos fóbicos.
Cristiane observa que, fora do país, a técnica da realidade virtual com fins terapêuticos já é bastante utilizada. Sua intenção foi adaptar o procedimento para o Brasil, barateando os custos e simplificando o equipamento, que consiste apenas de um laptop, óculos de terceira dimensão e um fone de ouvido. Ao final da pesquisa, caso a terapia se mostre realmente eficiente, a ideia é fornecer o programa para outros terapeutas e instituições interessadas em aplicar a técnica.
A fobia social é caracterizada por um sofrimento excessivo em situações de interação social ou de desempenho. Alguns dos sinais mais evidentes são palpitações, sudorese e ruborização. Enquanto a grande maioria da população sente ansiedade quando tem que falar em público ou conduzir uma reunião - o que pode ser considerado normal - o fóbico sofre um verdadeiro prejuízo em sua vida pessoal e profissional por conta desses medos. Outras características típicas são o medo da avaliação negativa do outro, o medo de cometer um erro e a autodepreciação.


Veja também:
link Estudo mostra diferenças entre fobia social e timidez 
link Cantora britânica não sai de casa há dois anos por ter fobia 
link Barulho constante pode causar fobia

Crises de depressão e de euforia podem danificar as células e acelerar o envelhecimento do corpo

Tempestades do corpo e da alma - Crises de depressão e de euforia provocam desequilíbrios químicos que podem danificar as células e acelerar o envelhecimento do corpo
RICARDO ZORZETTO | Revista FAPESP  Edição 197 – Julho de 2012
 Foto  EDUARDO SANCINETTI
Desde 2009 o psiquiatra Rodrigo Bressan e outros pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) acompanham um grupo de adolescentes com alto risco de desenvolver doenças mentais graves como o transtorno bipolar e a esquizofrenia. Eles querem descobrir o momento adequado para agir antes que os problemas se manifestem e, assim, tentar evitar que se instalem. Ao mesmo tempo, procuram ensinar os adolescentes e seus familiares a lidar com situações estressantes que podem disparar as crises. Assim que possível, Bressan e os psiquiatras Elisa Brietzke e Ary Araripe Neto querem ver se compostos anti-inflamatórios, antioxidantes ou neurotróficos poderiam proteger as células cerebrais e, quem sabe, reduzir o risco de desenvolver essas doenças mentais. 
A estratégia de tentar proteger o cérebro com esses e outros compostos se baseia na hipótese de que os neurônios e outras células cerebrais sofrem danos gradativos a partir do primeiro episódio mais intenso da doença – há quem suspeite de que os danos podem começar até mesmo antes. Estudos recentes indicam que nesses distúrbios o cérebro produz certos compostos em níveis nocivos que atrapalham o funcionamento das células e podem causar danos irreparáveis à medida que se sucedem, levando à deterioração das capacidades de raciocínio, planejamento e aprendizagem e até a uma alteração leve e definitiva do humor. Simultaneamente ao aumento na concentração dessas substâncias, haveria também uma diminuição nos de compostos neuroprotetores naturalmente produzidos pelo organismo.
Um dos pesquisadores que ajudou a desenvolver essa hipótese é o psiquiatra Flávio Kapc-zinski, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Translacional. Ele está convencido de que a evolução dramática dos casos graves de transtorno bipolar e de depressão é consequência de alterações fisiológicas causadas pelas crises recorrentes.
As crises que de tempos em tempos atormentam a mente também intoxicam o corpo, acredita Kapc-zinski. Elas seriam como tempestades químicas que desfazem o equilíbrio das células cerebrais e liberam compostos que, carregados pelo sangue, inundariam o organismo – às vezes levando a um grau de intoxicação quase tão grave como o enfrentado por quem desenvolve uma infecção generalizada (sepse). Repetidas ao longo de anos ou décadas, essas avalanches tóxicas precipitadas por surtos de depressão ou de mania produziriam um desgaste lento e progressivo do cérebro e de todo o corpo, reduzindo a capacidade de recuperação e acelerando o processo de envelhecimento.
© EDUARDO SANCINETTI
Kapczinski começou a elaborar esse modelo teórico com base em experimentos feitos por sua equipe e por outros grupos para explicar como e por que a depressão e o transtorno bipolar, uma vez instalados e sem o tratamento adequado, seguem um padrão de agravamento progressivo que pode culminar com a morte precoce por problemas cardiovasculares e até câncer. De acordo com o modelo, as outras doenças que aparentemente nada têm a ver com o que se passa no cérebro poderiam evoluir como resultado dos desequilíbrios orgânicos gerados pelos episódios severos de depressão e mania. 
Apresentada inicialmente em 2008 na Neuroscience and Behavioral Reviews, essa hipótese vem ganhando reconhecimento internacional. No último ano os estudos de Kapczinski já foram citados cerca de mil vezes em outros trabalhos. O psiquiatra australiano Michael Berk, da Universidade de Melbourne, acompanha essas pesquisas e, com Kapczinski, chamou esse novo modelo de neuroprogressão.
“Sabemos que esses distúrbios são progressivos e essa proposta teórica explica por quê”, diz Berk. Para ele, a interpretação de que essas doenças se agravam a cada surto pode gerar um impacto importante no tratamento por indicar a necessidade de diagnóstico e intervenção precoce e por sugerir que terapias neuroprotetoras possam atenuar o efeito desses problemas.
 “A ideia está posta”, diz o pesquisador da UFRGS. “Agora é possível trabalhar para tentar confirmá-la ou refutá-la.” Ele sabe que o modelo é ousado e que é necessário reunir mais evidências para demonstrar que ele representa de modo adequado a evolução da depressão e do transtorno bipolar. “Temos trabalho para umas duas décadas”, diz Kapczinski.
Conceito e realidade
Segundo alguns especialistas, o conceito de neuroprogressão explica bem os sintomas clínicos, mas é possível questionar se essas alterações biológicas de fato ocorrem, uma vez que as evidências ainda são incipientes. Exames de imagens que indicam redução no volume de algumas áreas cerebrais em geral são feitos com pacientes de idades diferentes, que passaram por números distintos de surtos de mania e depressão. Provas mais consistentes exigiriam o acompanhamento de pacientes por vários anos, com a realização de exames de tempos em tempos para avaliar a evolução do problema.
Ainda que esteja longe de ser comprovada, essa proposta está abrindo caminhos para a busca de terapias mais específicas e eficientes e para o desenvolvimento de estratégias que permitam identificar precocemente as pessoas com risco de desenvolver esses problemas, como vem fazendo a equipe da Unifesp. Se estiver correta, pode ajudar a entender como uma doença que de início se manifesta com um quadro relativamente benigno, em alguns anos deteriora a capacidade de raciocínio, planejamento e aprendizagem e altera definitivamente o humor a ponto de impedir uma pessoa de levar uma vida normal, como Kapczinski e outros médicos estão habituados a ver.
“Esse é um dos múltiplos mecanismos de progressão da doença”, afirma o psiquiatra norte-americano Robert Post, autoridade internacional em transtorno bipolar. “A evidência mais clara [de que pode estar correto] é que o número de episódios precedentes de depressão ou mania está correlacionado com o grau de disfunção cognitiva”, afirma Post, com quem Kapczinski colabora desde 2008.
Em um artigo publicado em maio deste ano no Journal of Psychiatric Research, Post, Kapczinski e Jaclyn Fleming analisaram quase 200 trabalhos com evidências de que a disfunção cognitiva aumenta, as alterações em algumas regiões cerebrais se intensificam e o tratamento perde eficiência à medida que cresce o número de crises e a duração da doença. No artigo, os pesquisadores reconhecem que não é possível saber se toda essa transformação é causa ou consequência da doença. Mas sugerem que, do ponto de vista clínico, parece prudente pensar em iniciar o tratamento o mais cedo possível e mantê-lo por um período mais prolongado.
“De acordo com essa visão, um surto de mania ou depressão pode ser entendido da mesma forma que o infarto”, diz Elisa Brietzke, ex-orientanda de Kapczinski. “Todos são eventos agudos, resultado de alterações que surgiram no organismo bem antes.” Ante essa interpretação, completa Araripe, “o objetivo do tratamento deixa de ser apenas a remissão dos sintomas e passa a ser evitar a recaída e auxiliar na manutenção da capacidade funcional”.
Danos às células
O modelo sobre a progressão das doenças mentais proposto por Kapczinski e seus colaboradores representa um avanço em relação aos anteriores. A proposta teórica mais aceita considera os transtornos mentais resultado da interação entre as condições sociais, econômicas, psicológicas e culturais em que o indivíduo vive (os fatores ambientais) e sua propensão a desenvolver o problema, determinado por suas características genéticas.
Essa abordagem mais antiga começou a ser construída há uma década pelos psicólogos Avshalom Caspi e Terrie Moffit, pesquisadores do King’s College, em Londres, a partir dos resultados de estudos em que acompanharam 1.037 crianças dos 3 anos de idade até os 26 anos. Nesses trabalhos, eles observaram que certas alterações em genes responsáveis pela produção de mensageiros químicos do cérebro (neurotransmissores) aumentavam o risco de uma pessoa desenvolver comportamento antissocial ou depressão.
Além da influência dos genes e do ambiente, Kapczinski e seus colaboradores incluem no modelo novo um terceiro elemento: os danos às células do cérebro e de outros órgãos causados pelos surtos da própria doença psiquiátrica. Esses surtos em geral se iniciam como uma resposta do organismo a um evento estressante, que pode ser intenso e breve, como um assalto a mão armada, ou mais ameno e duradouro, a exemplo daquele vivido por quem trabalha o tempo todo sob tensão. Repetidos muitas vezes, os episódios de mania ou de depressão acabariam por minar a capacidade do corpo de lidar com novos eventos estressantes. “Nossa hipótese é que a doença se realimenta”, conta Kapczinski.
Essa proposta parece explicar melhor o agravamento dos distúrbios psiquiátricos marcados por crises sucessivas, como a depressão e o transtorno bipolar. Nessas enfermidades, a influência de fatores ambientais sobre a propensão genética seria fundamental para disparar os primeiros episódios de mania ou de depressão. Mas esses fatores perderiam importância à medida que a doença avança e os surtos se tornam cada vez mais frequentes e prolongados – em alguns casos, mesmo com o uso de medicamentos – e o intervalo entre eles menores. Com o tempo, em geral a partir da décima crise, os surtos ganham autonomia e podem se tornar independentes das condições estressantes que antes os disparavam (ver infográfico).
Tormenta química
Há tempos se sabe que em cada episódio leve ou intenso de estresse, provocado por um perigo real ou imaginado, o organismo reage liberando o hormônio cortisol. Produzido por glândulas situadas sobre os rins e lançado na corrente sanguínea em pequenas quantidades e por pouco tempo, o cortisol aumenta os batimentos cardíacos, eleva a pressão arterial e acelera a produção de energia. Enfim, prepara o corpo para fugir do perigo ou enfrentá-lo. Mas, em doses altas e por períodos prolongados como pode acontecer antes das crises, o cortisol começa a lesar os órgãos, entre eles o cérebro (verPesquisa FAPESP n° 129).
© EDUARDO SANCINETTI
Pouco tempo atrás pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos verificaram que, no interior das células cerebrais, em especial os neurônios, os níveis elevados de cortisol danificam as mitocôndrias, compartimentos em que o açúcar dos alimentos é convertido em energia. E danos nas mitocôndrias significam problema na certa. Elas produzem 85% da energia que as células consomem para se manterem vivas. Ainda que de modo indireto, o excesso de cortisol faz surgirem poros nas paredes das mitocôndrias, por onde vazam compostos tóxicos que avariam os lipídeos e as proteínas e alteram a estrutura da molécula de DNA no núcleo das células. Toda essa transformação aciona os mecanismos de apoptose, a morte celular programada. 
Por meio de uma técnica que permite avaliar as milhares de proteínas produzidas pelo organismo em certo momento, o biólogo brasileiro Daniel Martins-de-Souza, pesquisador do Instituto Max Planck para Psiquiatria, na Alemanha, também obteve indícios de que o funcionamento dessas organelas está alterado nas doenças psiquiátricas. Em especial, na depressão verificou diferenças na fase final da produção de energia, a chamada fosforilação oxidativa ou respiração celular, que ocorre no interior das mitocôndrias.
As consequências dos danos às mitocôndrias não se restringem às células. Os compostos liberados por elas alcançam a corrente sanguínea e ativam proteínas do sistema de defesa que disparam a inflamação, como a interleucina-6 (IL-6), a interleucina-10 (IL-10) e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa). Chegando ao cérebro, essas proteínas ativam outras reações bioquímicas que causam a morte de mais neurônios. Segundo Kapczinski, esse processo realimenta a destruição celular, reforçada por outro fenômeno típico do transtorno bipolar: a superprodução do neurotransmissor dopamina, que também aciona a apoptose.
Foi medindo os níveis desses compostos no sangue que o grupo de Kapczinski identificou um fenômeno ao qual pouco se dava atenção: os surtos causam uma toxicidade sistêmica. Segundo ele, durante os episódios de mania e depressão, o nível de compostos associados à inflamação era bem mais elevado que o normal no sangue de pessoas com transtorno bipolar – em alguns casos, era semelhante ao de pessoas internadas em unidade de terapia intensiva com infecção generalizada (sepse).
Em roedores, já foi demonstrado que a toxicidade que se vê no sangue corresponde às alterações nas células cerebrais. Mas isso ainda precisa ser comprovado em seres humanos. “O melhor teste para comprovar os efeitos tóxicos dos episódios seria fazer uma intervenção para evitá-los e verificar se essa intervenção seria capaz de evitar alterações neurobiológicas”, diz Post.
 © EDUARDO SANCINETTI
A maioria das células parece sobreviver a essa tormenta química, ainda que com danos. Imagens do cérebro em funcionamento e exames de microscopia do tecido cerebral post mortem indicam que, nas crises de mania ou de depressão, algumas regiões perdem 10% a 20% mais neurônios do que em condições normais. De acordo com psiquiatras e neurologistas, esse nível de perda não é suficiente para classificar os transtornos de humor como doenças neurodegenerativas. Tanto no transtorno bipolar como na depressão o problema maior é que os neurônios que sobrevivem não permanecem íntegros: eles aparentemente perdem prolongamentos chamados neuritos, que os conectam com outros neurônios. Muitos pesquisadores da área acreditam que é a perda de conectividade neuronal que compromete o funcionamento das regiões cerebrais mais afetadas nos distúrbios do humor. O fato de serem alterações sutis pode explicar por que o neuropatologista alemão Alois Alzheimer, que descreveu 100 anos atrás os danos neuronais típicos da doença que leva seu nome, não encontrou alterações importantes no cérebro de pessoas com depressão – razão por que se passou a dizer na época que a neuropatologia era o túmulo dos psiquiatras. “Apesar de sutis, essas transformações seriam suficientes para causar uma reorganização patológica do cérebro”, afirma Kapczinski.
As transformações anatômicas do cérebro nas doenças do humor começaram a ficar evidentes há cerca de 10 anos, quando Grazyna Rajkowska e seu grupo na Universidade do Mississípi verificaram uma redução no volume do córtex pré-frontal de pessoas com depressão. A diminuição de volume nessa área e também na região dos ventrículos vem sendo confirmada por exames de imagem também no transtorno bipolar. Localizado na parte anterior do cérebro, o córtex pré-frontal é responsável pela estruturação do raciocínio, pela tomada de decisões e pelo controle do comportamento. Essa alteração morfológica permite explicar por que, com o avanço da doença, quem tem transtorno bipolar perde progressivamente a capacidade de planejamento e aprendizado. Essas pessoas também se tornariam mais impulsivas e suscetíveis às emoções por ocorrer simultaneamente um aumento do volume da amígdala, que coordena a resposta ao medo e às emoções negativas.
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Hipótese em formação
Kapczinski começou a colecionar evidências de que uma tormenta química se instala no organismo de quem sofre de transtorno bipolar em 1997, quando retornou de seu doutorado na Inglaterra e de um período de estágio no Canadá. Na época o grupo chefiado por ele no Laboratório de Psiquiatria Molecular da UFRGS havia notado que pessoas com transtorno bipolar, além das alterações psicológicas e cognitivas em geral observadas pelos psiquiatras, apresentavam no sangue níveis elevados de compostos que indicam danos nas células cerebrais e taxas baixas de fatores que protegem essas células. “As moléculas que estudamos funcionam como biomarcadores [indicadores de alterações biológicas] que permitem distinguir se a doença se encontra num estágio inicial ou avançado”, afirma Kapczinski. 
E conhecer o estágio da doença é importante para se indicar o tratamento adequado – e essa nova hipótese pode ajudar a aprimorar o uso dos medicamentos. Há evidências de que o controle da enfermidade logo após os primeiros episódios de depressão ou de euforia preserve a capacidade de recuperação do organismo, impedindo a degradação psicológica e cognitiva. Os medicamentos – estabilizadores do humor, antidepressivos, antipsicóticos e anticonvulsivos, usados sozinhos ou em combinação – em geral são eficazes em 80% dos casos de transtorno bipolar e de depressão e, comprovadamente, produzem efeito neuroprotetor, em especial o lítio, um estabilizador do humor barato e eficiente, que antes era usado para combater estresse, gota e pedras no rim.
Mas os psiquiatras nem sempre conseguem acertar a medicação e a dose na primeira tentativa. Um estudo norte-americano recente, conduzido por pesquisadores da Escola Médica Mount Sinai com 4.035 pessoas com transtorno bipolar, verificou que 40% delas, em especial aquelas com quadros depressivos mais graves, só conseguiam manter a doença sob controle tomando três ou mais medicamentos.
Kapczinski acredita que, em geral, essas doenças atingem um estágio muito mais difícil de ser controlado após a décima crise, que costuma ocorrer por volta de 10 anos após as primeiras manifestações da doença. Por essa razão, os psiquiatras consideram fundamental iniciar o tratamento com medicamentos o mais cedo possível. Também já se havia observado que o lítio, um dos medicamentos mais usados para tratar o transtorno bipolar, perde eficácia após o décimo surto (ver gráfico).
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As pessoas com transtorno mental normalmente só vão ao psiquiatra muito tempo depois de surgirem os primeiros sinais da doença. Podem correr anos até um especialista fazer o diagnóstico correto e receitar os medicamentos adequados. No caso do transtorno bipolar, o período decorrido entre a primeira manifestação do problema e início do tratamento varia de 5 a 10 anos, tempo suficiente para surgirem complicações no trabalho, na convivência com a família e os amigos e a vida se desestruturar. 
As partes e o todo
Foi analisando as variações nos níveis desses biomarcadores no sangue de pacientes que Kapc-zinski sentiu necessidade de buscar uma explicação mais abrangente, que permitisse associar os sinais clínicos da doença às alterações fisiológicas e anatômicas que a ciência começava a detectar no cérebro de pessoas com transtorno bipolar, que em média atinge 1% da população – calcula-se que até 8% possam apresentar formas mais leves –, e outro distúrbio do humor bem mais comum: a depressão maior ou unipolar, que quase 15% dos adultos desenvolvem ao longo da vida.
Kapczinski viu que não estava satisfeito com o que tinha em mãos quando recebeu um convite para apresentar os resultados de seu grupo em um simpósio internacional no Hospital Clínic de Barcelona, na Espanha, em meados de 2006. “Faltava uma cola teórica que mostrasse como os dados se encaixavam”, diz Kapczinski.
Ele e sua equipe haviam coletado amostras de sangue de pessoas com transtorno bipolar durante os períodos em que se experimentam os estados extremos de humor, que variam de uma tristeza intensa e baixa autoestima a uma grande vitalidade e energia muito além do normal. Em uma bateria de testes, o psiquiatra Angelo Miralha da Cunha, então na UFRGS, observou um fenômeno novo tanto nas crises depressivas como nos episódios de mania: os níveis do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), de ação neuroprotetora, eram ao menos 25% mais baixos do que nas pessoas que não apresentavam o transtorno ou que o mantinham sob controle com a ajuda de medicamentos.
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Ao mesmo tempo, Ana Cristina Andreazza e Elisa Brietzke, que integravam a equipe de Kapc-zinski, detectaram taxas mais elevadas de proteínas indicadoras de inflamação, além de níveis mais altos de radicais livres, moléculas altamente reativas, com potencial para lesar as células, durante os períodos de alteração do humor. Esses dados sugeriam que o sangue poderia guardar pistas do que se passava no cérebro. Mas, àquela altura, não era possível saber com segurança o que essa alteração significava nem por que ocorria. 
Cola teórica
Kapczinski encontrou a cola teórica que procurava nos estudos do neurocientista norte-americano Bruce McEwen. Em 2000 McEwen havia proposto a hipótese de que situações estressantes obrigam o organismo a fazer ajustes para recuperar a estabilidade perdida. McEwen chamou essa adaptação de alostase, uma mudança necessária para restabelecer o equilíbrio (homeostase). E disse mais. Ao longo do tempo essa adaptação cobrava um preço: causava o desgaste do organismo.
As propostas teóricas do psiquiatra Robert Post completavam essa ideia. Na década de 1980, Post havia sugerido que os sinais clínicos do transtorno bipolar se tornariam mais intensos a cada crise, em consequência da maior sensibilidade dos circuitos cerebrais afetados nos episódios anteriores. O fenômeno, chamado em inglês de kindling, havia sido descoberto duas décadas antes por Graham Goddard, neurocientista inglês que estudava a epilepsia. Durante testes com roedores, Goddard notou que estímulos elétricos de baixa intensidade, inicialmente incapazes de causar danos ao animal, passavam a disparar crises epilépticas depois de repetidos algumas vezes – sinal de que o cérebro havia se tornado mais sensível.
“A partir desses experimentos, outros autores começaram a conceituar a ideia de que o cérebro aprendia a ficar doente também em outras situações, em especial no transtorno bipolar”, conta o neurofisiologista Luiz Eugenio Mello, da Unifesp. “De acordo com essa ideia, modificações no sistema nervoso central, possivelmente no nível das sinapses [conexões entre as células cerebrais], seriam capazes de transformar um cérebro pouco doente em muito doente”, explica.
Os Projetos
1Análise estereológica
post mortem das principais regiões cerebrais de indivíduos portadores de transtorno afetivo bipolar – nº 09/51482-0
2Prevenção na esquizofrenia e no transtorno bipolar da neurociência à comunidade: uma plataforma multifásica, multimodal e translacional para investigação e intervenção – nº 11/50740-5
Modalidade
1Auxílio Regular a Projeto de Pesquisa
2Projeto Temático / Pronex
Coordenadores
1Beny Lafer – USP
2Rodrigo Affonseca Bressan – Unifesp
Investimento
1R$ 130.249,30
2R$ 2.378.201,50
Ao analisar seus dados à luz da ideia de alostase e de sensibilização – mais tarde reunidas no conceito de neuroprogressão –, Kapczinski encontrou o vínculo entre o que seu grupo havia observado e as alterações de volume em algumas áreas do cérebro que equipes estrangeiras detectavam. Essa unificação de conceitos poderia explicar a origem dos sinais clínicos característicos dessas doenças e, além disso, por que as pessoas com transtorno bipolar e depressão podem morrer entre 25 e 30 anos mais cedo do que as pessoas sem distúrbios psiquiátricos. Uma proporção maior das pessoas com transtorno bipolar e depressão desenvolve câncer e problemas cardiovasculares.
Por influência do neurocientista Iván Izquierdo, Kapczinski fez algo pouco comum na área da saúde no Brasil: a formulação de uma teoria para explicar o desenvolvimento e os desdobramentos de doenças psiquiátricas. Como toda tentativa de reproduzir uma realidade a partir dos fragmentos que podem ser identificados e medidos, o modelo teórico idealizado pelo grupo gaúcho continua em constante aperfeiçoamento. Desde a apresentação em Barcelona, Kapczinski e seus colaboradores no Brasil, na Austrália, nos Estados Unidos e na Espanha trabalham para aprimorar essa proposta teórica e ver se estão no caminho certo.
O próprio Kapczinski está pondo sua hipótese à prova ao testar em camundongos uma versão modificada do antidepressivo tianeptina, desenvolvida na UFRGS, com o propósito de aumentar a proteção dos neurônios. Outra forma de verificar se a hipótese está correta é examinar as alterações químicas e celulares em amostras de bancos de encéfalos de pessoas com doenças psiquiátricas, como o que os psiquiatras Beny Lafer e Helena Brentani estão organizando na Faculdade de Medicina da USP. Em outra linha de trabalho, Lafer iniciou recentemente um teste clínico com suplementos do aminoácido creatina, que deve melhorar o funcionamento das mitocôndrias e também pode aumentar a proteção celular.
Ana Cristina Andreazza, atualmente pesquisadora da Universidade de Toronto, onde investiga os efeitos do mau funcionamento das mitocôndrias nas células cerebrais, lembra que uma dieta adequada e rica de antioxidantes também pode ajudar na proteção cerebral.
“A hipótese da neuroprogressão é um dos modelos importantes hoje em dia para explicar a progressão dessas doenças”, comenta Lafer, colaborador do grupo gaúcho. “Há outras hipóteses, baseadas na genética, na interação entre genes e ambiente e na inflamação, mas ainda não existe consenso.”
Artigos científicos
1 KAPCZINSKI, F. et al. Allostatic load in bipolar disorder: Implications for pathophysiology and treatmentNeuroscience and Behavioral Reviews. v. 32, p. 675-92. 2008.
2 BERK, M. et al. Pathways underlying neuroprogression in bipolar disorder: Focus on inflammation, oxidative stress and neurotrophic factorsNeuroscience and Behavioral Reviews. v. 35, p. 804-17. 2011.